rnd
OUTPUT

FICTIONARY PLAYERS e hmBrito

video - instalação - texto
08:49'
Galeria Parábola - José Falcão 124
Outubro / Novembro 2008

Todos os objectos, orgânicos ou inorgânicos, são donos de aspectos internos e externos. Na perspectiva de si mesmo o homem experiencia o único aspecto que lhe é permitido, ele próprio, estando os caminhos de todas as outras coisas vedadas ao seu escrutínio excepto no caso do emprego de simulação.

Em rnd output centramos o nosso interesse na construção de uma rede descentralizada de autómatos que processe informação. O processamento de informação em sistemas descentralizados é muito diferente do utilizado em sistemas clássicos, em que toda a informação é processada num núcleo central. Num sistema descentralizado o processamento de informação ocorre tanto a nível local como global utilizando-se para tal um padrão de processamento dinâmico.

 

A base teórica para este tipo de experiência assenta, normalmente, em complexos sistemas naturais, tais como uma colónia de formigas. O objectivo da experiência é saber como poderá o processamento de informação desenvolver-se num sistema descentralizado em permanente evolução.

A cada autómato é dado o mesmo estado inicial e a noção de que no espaço e tempo da sua activação existem autómatos vizinhos. Não é fornecida nenhuma programação específica para o seu comportamento, sendo instalado um programa básico de aleatoriedade gráfica.


 

Observou-se então que num primeiro nível os autómatos se comportam como numa linha de montagem tradicional, cada um observando as tarefas dos outros e entrando na rotina ordenadamente.

No nível 2 decidiu colocar-se novamente os autómatos num estado inicial semelhante, só que neste caso emparelhados, cada par estava alinhado para cumprir a mesma função; dois autómatos executam operações gráficas, outros dois apenas apoiam os autómatos "gráficos". Nota-se aqui o surgimento de uma cisão entre as regiões de alta e baixa densidade.

O terceiro nível simulou a escala global e estabeleceu a possibilidade de coordenação total entre os autómatos já que estes conseguiram interagir globalmente entre si baseando-se apenas na sua prévia experiência a nível local.

 

No quarto nível incluiremos modelos mais elaborados usando autómatos de dimensões diversas, procurando modelar sistemas naturais de complexidade superior, orgânicos e inorgânicos, de que, por exemplo, o sistema nervoso e o sistema económico são exemplos respectivos.

Desse quarto nível resultou a performance em baixo apresentada.

 

 












Fotos by Maria João Castelão

Notas:

Em rnd Output propusemo-nos exemplificar, num formato alegórico, como a construção de
sistemas, do nosso sistema, seja na face política, económica, financeira, resulta num processo
cujo resultado final é imprevisível.

Esta ausência de perspectiva sobre o futuro do sistema não se baseia na vontade inicial de
quem o desenha – quem projecta um sistema tem sempre o objectivo de o ver comportar-se
dentro dos parâmetros que foram regulados no início.

Acontece que logo nos primeiros passos de implantação do sistema é introduzida a diferença
entre o projectado e o que é, efectivamente, construído no “mundo real” – esta diferença
apelidamos, normalmente, de erro.

A proposta é que ao corrigir um erro surgido na implantação de um sistema não corrigimos
verdadeiramente, antes camuflamos esse desacerto, o que origina um sistema não previsível
por já não ser arquitectado unicamente pelas premissas do projecto inicial, do qual
conhecíamos o fim teorético.

Pode dizer-se que se vão acrescentando, tal como nos sistemas operativos e financeiros,
correcções administrativas, e que a partir da primeira afinação o próprio sistema é uma
infinita correcção que, por alterar a aparência, é mais visível e parece evoluir.